terça-feira, 3 de setembro de 2013

AUTISTA - Menino autista gênio da física cotado para um dia levar Nobel

Menino autista gênio da física cotado para um dia levar Nobel

Aos 2 anos, médicos diziam que ele teria dificuldades para aprender a ler.
Nove anos depois, americano Jacob Barnett entrava na universidade.

Da BBC

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Jacob falava pouco, mas estava constantemente pensando em padrões matemáticos

Aos dois anos de idade, o jovem americano Jacob Barnett foi diagnosticado com autismo, e o prognóstico era ruim: especialistas diziam a sua mãe que ele provavelmente não conseguiria aprender a ler ou sequer a amarrar seus sapatos.
Mas Jacob acabou indo muito além. Aos 14 anos, o adolescente estuda para obter seu mestrado em física quântica, e seus trabalhos em astrofísica foram vistos por um acadêmico da Universidade de Princeton como potenciais ganhadores de futuros prêmios Nobel.
O caminho trilhado, no entanto, nem sempre foi fácil. Kristine Barnett, mãe de Jacob, diz à BBC que, quando criança, ele quase não falava e ela tinha muitas dúvidas sobre a melhor forma de educá-lo.
"(Após ser diagnosticado), Jacob foi colocado em um programa especial (de aprendizagem). Com quase 4 anos de idade, ele fazia horas de terapia para tentar desenvolver suas habilidades e voltar a falar", relembra.
"Mas percebi que, fora da terapia, ele fazia coisas extraordinárias. Criava mapas no chão da sala, com cotonetes, de lugares em que havíamos estado. Recitava o alfabeto de trás para frente e falava quatro línguas".
Jacob diz ter poucas memórias dessa época, mas acha que o que estava representando com tudo isso eram padrões matemáticos. 'Para mim, eram pequenos padrões interessantes.'
Estrelas
Certa vez, Kristine levou Jacob para um passeio no campo, e os dois deitaram no capô do carro para observar as estrelas. Foi um momento impactante para ele.
Meses depois, em uma visita a um planetário local, um professor perguntou à plateia coisas relacionadas a tamanhos de planetas e às luas que gravitavam ao redor. Para a surpresa de Kristine, o pequeno Jacob, com 4 anos incompletos, levantou a mão para responder. Foi quando teve certeza de que seu filho tinha uma inteligência fora do comum.
Alguns especialistas dizem, hoje, que o QI do jovem é superior ao de Albert Einstein.
Jacob começou a desenvolver teorias sobre astrofísica aos 9 anos. No livro The Spark (A Faísca, em tradução livre), que narra a história de Jacob, ela conta que buscou aconselhamento de um famoso astrofísico do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, que disse a ela que as teorias do filho eram não apenas originais como também poderiam colocá-lo na fila por um prêmio Nobel.
Dois anos depois, quando Jacob estava com 11 anos, ele entrou na universidade, onde faz pesquisas avançadas em física quântica.
Questionada pela BBC que conselhos daria a pais de crianças autistas - considerando que nem todas serão especialistas em física quântica -, Kristine diz acreditar que "toda criança tem algum dom especial, a despeito de suas diferenças".
"No caso de Jacob, precisamos encontrar isso e nos sintonizar nisso. (O que sugiro) é cercar as crianças de coisas que elas gostem, seja isso artes ou música, por exemplo

AUTISMO - Pais de crianças com autismo usam aplicativos em tablets para estimula a comunicação


Pais de crianças com autismo usam aplicativos em tablets para estimular a comunicação

ELIANE TRINDADE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O tablet é uma espécie de melhor amigo e babá de Pedro, 9. O iPad se converteu também em uma janela de comunicação entre ele e o irmão caçula, Luiz, 7.

Os dois têm autismo, transtorno de desenvolvimento que se manifesta pela dificuldade de comunicação e de interação social.

Logo ao acordar, Pedro aciona um aplicativo, o First Then, indicado por um terapeuta americano, que o ajuda a organizar a rotina.



As imagens vão se sucedendo a um simples toque: ir ao banheiro, escovar os dentes, tirar o pijama.
"O iPad ajuda o Pedro, que tem um grau mais severo de autismo, a não se perder entre uma atividade e outra. Antes ele colocava a camiseta, mas se distraía", diz a mãe dos garotos, a relações públicas Marie Dorion, 39.
Agora, antes de ir para a escola, Pedro aciona o aplicativo e vai ticando as atividades, como amarrar o tênis. "Não esquece mais a mochila", diz Marie.
A família, que mora em um condomínio em Jundiaí (interior de SP), encontrou no tablet um aliado tanto nas tarefas corriqueiras quanto na hora de brincar. "Eles contam piadas um pro outro e se divertem", conta a mãe.
A jornalista Silvia Ruiz, 42, também aposta no auxílio da tecnologia para facilitar a vida escolar do filho Tom, 3. Com o iTouch, o garoto indica quando quer ir ao banheiro, por exemplo. "Tom voltou a falar graças ao uso do tablet como reforçador da terapia."
Como o filho tinha interesses muito restritos e não ligava para brinquedos, os pais e a terapeuta passaram a usar o tablet para incentivá-lo a fazer as tarefas e a falar. "A gente diz: 'Você vai fazer esse quebra-cabeça e depois pode brincar no iPad'." Tem funcionado.
WORKSHOP
Autor do livro "Autismo, Não Espere, Aja Logo" (Ed. M.Books, 136 págs. R$ 42), Paiva Júnior é outro entusiasta do tablet. Pai de Giovani, 5, ele usa o aplicativo Desenhe e Aprenda a Escrever, que custa US$ 2,99, para ajudar o filho na coordenação motora para a escrita fina.

"É um aplicativo que faz a criança escrever as letras de uma forma lúdica, comandando um bichinho que come bolos", explica.

Outro programa que tem dado resultado é o Toca Store. "É um brinquedo virtual que facilita o ensino de como funciona o uso do dinheiro."


A experiência positiva em casa fez Paiva começar a promover workshops sobre a utilização de iPad por autistas voltados para pais, profissionais e estudantes.
"O iPad não faz mágica nem vai melhorar a criança com autismo sozinho. É preciso sempre dar orientação, estar junto", afirma Paiva.
Segundo ele, o mais importante é migrar para o mundo real. "Se ficarmos somente no iPad, vamos incentivar o isolamento, uma das principais características do autismo que queremos extinguir."
O pai cita o exemplo doméstico. "Giovani começou a gostar de quebra-cabeça no iPad. Quando estava montando bem, comprei vários de verdade e montamos juntos no chão inúmeras vezes."
Especialista no tratamento de crianças com autismo, a psicóloga Taís Boselli diz que o "iPad ajuda na comunicação, apesar do temor de que se transforme em comunicação alternativa e impeça as crianças de falar".
Boselli ressalta a importância de estímulos precoce para melhorar o quadro, em especial os visuais. "Quando lhes damos um recurso visual, eles conseguem se comunicar. Por isso o sucesso do iPad no tratamento."


AUTISMO - Tecnologia (suporte aos Autistas)

Tecnologia: ferramenta desenvolvida no Amazonas dá suporte a autistas

A Síndrome do Autismo se caracteriza pelas anomalias comportamentais, como a limitação ou ausência de comunicação verbal, falta de interação social e padrões de comportamento restrito

Como não existe um tratamento médico para curar a Síndrome do Autismo, apenas estímulos ajudam a criança a melhorar a aprendizagem e comportamento. Ainda não se conseguiu, até agora, provar nenhuma causa psicológica, ou no ambiente de convívio das crianças, que possa desenvolver o transtorno. O que a medicina explica é que os sintomas são causados por disfunções físicas do cérebro.

A Síndrome do Autismo se caracteriza pelas anomalias comportamentais, como a limitação ou ausência de comunicação verbal, falta de interação social e padrões de comportamento restrito. A manifestação dos sintomas ocorre ainda na infância, antes dos três anos de idade, e persiste durante a vida adulta.

Outro problema dos autistas é a dificuldade em sequenciar, pois eles têm dificuldades em se lembrar da ordem da realização das tarefas e, geralmente, nem vêem relação entre as atividades. Além disso, há ainda a dificuldade de aprendizagem.

Com base nesses problemas comportamentais, a design gráfica Alice Gomes, 29, e a doutora em engenharia de produção e professora do curso de Design da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Claudete Ruschival desenvolveram, em parceria com outros pesquisadores da universidade, um software, chamado “Lina Educa”, para ajudar crianças autistas com a organização e dar apoio ao processo de alfabetização.

“A proposta do software é organizar uma agenda das atividades diárias para as crianças autistas, como, por exemplo, escovar os dentes. Ela precisa ter essa referência. O software também vai ajudar na organização das atividades acadêmicas dessa criança”, explicou Claudete Ruschival.

As atividades acadêmicas oferecidas pelo software envolvem vários fatores relacionados às palavras e às imagens, ressalta Alice. “Porque a criança autista é muito atenta ao visual”, explicou. “São essas atividades que vão servir de apoio ao processo de alfabetização das crianças autistas. Por isso, ela precisa desse apoio”, completou Claudete.

O projeto se baseia numa pesquisa de análise de comportamento realizada pela Universidade de São Paulo (USP). O projeto também está recebendo apoio do Grupo de Intervenção Comportamental Gradual, de São Paulo, uma clínica de tratamento de crianças com déficit de aprendizado.

Pesquisa acadêmica

O software se originou a partir do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Alice na Ufam. Ao ser publicado como artigo num congresso de design no Rio de Janeiro, o software chamou a atenção de pais de autistas, profissionais de saúde que trabalham com a síndrome e até mesmo de cientistas. Foi a partir daí que Alice e a orientadora do trabalho, Claude Roschival, procuraram apoio para o funcionamento do Lina Educa.

O software foi desenvolvido para funcionar em plataformas móveis, como tablets, e também em computadores, e será disponibilizado gratuitamente para download quando for concluído. O projeto, de R$ 183 mil, foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Também acompanham o desenvolvimento do projeto.

Desenvolvimento

O software Lina Educa começou a ser desenvolvido em janeiro, porém, o projeto foi aprovado pela Fapeam no ano passado. A previsão é que até novembro ele seja concluído e passe para a fase de testes com crianças autistas de São Paulo e de Manaus, com o apoio do Instituto Autismo no Amazonas.


AUTISMO - Autistas no mercado de TI

Dinamarquês que alocar 1 milhão de autistas no mercado de TI

PATRÍCIA GOMES
DO PORVIR

Thorkill Sonne é um caçador de talentos. Sua missão é encontrar, treinar e apresentar ao mercado as melhores pessoas para preencher vagas que nem sempre encontram candidatos à altura. São especificamente funções na área de TI (tecnologia da informação), que demandam profissionais com um grande poder de concentração e muita atenção aos detalhes.
Na busca por esse perfil e mobilizado por um drama pessoal, Sonne se deu conta de que um grupo normalmente relegado às margens do mercado de trabalho -e, às vezes, até da sociedade- era capaz de desempenhar essas atividades melhor do que ninguém: as pessoas com autismo. Ali, no que a maioria das pessoas via desvantagem, ele percebeu uma oportunidade justa de crescimento e quer alocar 1 milhão de profissionais no mercado de trabalho.
"Se alguém tem algum tipo de desordem, como autismo, as pessoas simplesmente não esperam nada dela. Mas ela pode ser muito mais esperta do que se pensa. Nós ajudamos pessoas, empresas e governos a pensar a partir dessa perspectiva", diz Sonne, fundador da Specialisterne (especialista em dinamarquês), uma empresa da área de TI que avalia, capacita e forma consultores com autismo, oferecendo-lhes a oportunidades de ter uma vida produtiva.
Entre as atividades que os "especialistas" de Sonne são capacitados a fazer estão desde a manipulação de dados, passando por teste da funcionalidade de aplicativos até a programação e a construção de algoritmos.
Parte disso ocorre, segundo ele, porque muitos autistas têm capacidades profissionais únicas. "Muitas vezes, eles têm uma memória excelente, uma ótima habilidade de perceber padrões e uma incrível capacidade de encontrar alegria ao desempenhar funções que a maior parte das pessoas acharia chato".
A ideia de fundar a Specialisterne teve princípio em uma observação profissional. Sonne sempre se incomodou com a falta de mão de obra especializada que a empresa onde trabalhava -e viria a se tornar a sua primeira cliente- enfrentava rotineiramente.
Mas foi uma razão pessoal que fez Sonne perceber quem seriam as pessoas ideais para preencher essa lacuna. Aos dois anos de idade, seu filho, Lars, hoje adolescente, foi diagnosticado com autismo. Até então, Sonne e sua mulher nunca tinham tido contato com o assunto. "Primeiro, não sabíamos o que fazer. Depois, começamos a ler livros, conhecer pessoas", conta ele.
Com o tempo, foram percebendo que Lars tinha uma memória fora do comum e que, entre crianças e jovens autistas, muitos tinham capacidades que poderiam ser aproveitadas no mercado de trabalho, se bem trabalhadas. Estava aí a chave da mudança. Sonne pediu demissão, hipotecou a casa, elaborou uma metodologia de trabalho e fundou a Specialisterne.
"Nós não ensinamos a eles como 'se comportar bem'. Eles não precisam se adaptar às regras normais de um ambiente de trabalho", afirma . Seus "especialistas" não são obrigados a serem bons em atividades que vão contra a sua natureza, mas apenas desempenhar bem determinadas funções para as quais têm destreza, o que lhes garante sustentabilidade no emprego.
"Eles não precisam aprender a se adaptar às regras normais de ambientes de trabalho, como ser bom em trabalho de equipe, ser empático, lidar bem com o estresse ou ser flexível. Essas não são características normais em pessoas com o autismo", diz a empresa em seu site. Por isso parte do trabalho da Specialisterne é também preparar a empresa para receber seus especialistas em sua equipe.
Quase uma década depois do início de sua atuação, Sonne não tem mais apenas uma empresa na Dinamarca. Ele já atua em países como Noruega, Áustria e Estados Unidos. Mais recentemente, além do trabalho direto com as pessoas com autismo, ele lançou a Fundação Specialist People, cujo objetivo é falar para pessoas, organizações e governos sobre o assunto e para fazer seu modelo replicável pelo mundo. "Faz parte da nossa estratégia ter o nosso modelo copiado. A gente gosta quando isso acontece", diz ele.
Com toda essa rede de apoios, Sonne determinou uma meta ousada: colocar 1 milhão de pessoas com no mercado de trabalho. Para chegar a esse número, fez uma conta simples. Não há pesquisas inteiramente confiáveis, mas calcula-se que, no mundo, cerca de 68 milhões de pessoas tenham autismo e outras tantas tenham sido diagnosticadas com desordens similares. Todos eles são "especialistas" em potencial.
"Ao colocar essas pessoas no mercado de trabalho de maneira sustentável, criamos esperança para milhares de pessoas. Vemos famílias felizes, pessoas com autismo aparentemente tendo uma boa vida. É para isso que trabalhamos."